
Da minha cadeira vejo a vida.
Não a minha, mas das várias pessoas que passam na frente da loja onde trabalho.
A cidade é pequena, inteior do Maranhão, cerca de 10 mil habitantes. A rua é asfaltada, mas os buracos são constantes. A fachada da loja é laranja e fica em uma esquina, uma das bem movimentadas da cidade. Aqui perto temos supermercado, oficina, loja de móveis, farmácia, açougue, loja de construção, lotérica, fora as várias casas entre um comércio e outro.
A loja onde trabalho tem cerca de dez metros de comprimento, e fico no caixa, no final da loja, e do outro lado da rua tem uma casa. Não tem muro, sua fachada é verde clara, a porta e a janela laranja que estão sempre abertas, me convidam a fazer parte daquele espaço, nem que seja somente durante a manhã.
Estea é a casa de uma senhora de prováveis 50 anos, talvez mais, onde mora com quatro netos - um de uma filha que mora em outra cidade, e os outros três da jovem filha que mora com ela, de aproximadamente 22 ou 23 anos. Seu último filho é recente, ainda não completou um ano de vida. O do meio, de apróximadamente dois anos, na maioria das vezes nú dos pés a cabeça, e está constantemente na porta de casa sem supervisão alguma. A rua é a principal da cidade, então passam muitos caminhões, ônibus, todo tipo de automóvel, e a criança quase já foi atropelada.
Já vi muitas alegrias também, a jovem mãe brincando com seu filho mais novo, fazendo carinho nele; várias pessoas sentadas na porta, apenas conversando, sem preocupações mais com a vida. É interessante notar as oscilações constantes de um mesmo lugar.
Não faço análise da vida alheia, afinal, só acompanho a vida deste lugar durante as manhãs, mas não deixo de acompanhar o que me é oferecido sem cobrança alguma.
Não tiro conclusões precipitadas ou fico conversando toda hora a respeito, mas quem nunca deu uma bisbilhotada na vida do outro?